o que é Meditação ?

De acordo com o Swami Satyananda Saraswati, meditação é algo sobre a qual a maioria das pessoas já  ouviu  falar, contudo poucas  têm  uma  verdadeira  concepção  sobre  o  assunto  e pouquíssimas  pessoas  efetivamente  vivenciaram  esta  experiência.  Como toda experiência subjetiva, ela também não pode ser descrita em palavras.  A própria pessoa deve buscar sozinha para saber seu verdadeiro significado.  A experiência é real enquanto a descrição é verdadeiramente não-experiência.   O que acontece quando meditamos?  O Swami relata que, quando meditamos, somos capazes de levar nossa consciência a diferentes partes de nossa mente.  E ainda que normalmente nossa consciência fique confinada a atividades superficiais nas partes central ou racional do inconsciente, durante a meditação somos capazes de nos  mover  para  áreas  não intelectualizadas  do  nosso  cérebro.  

 “Num elevado estado de meditação, a consciência fica acima do pensamento racional e podemos ver atividades que parecem próximas da realidade.  O meditador entra na dimensão da inspiração e da iluminação.  Ele começa a explorar as profundas verdades e aspectos da existência que, até então, pareciam meros frutos da imaginação, impossíveis de serem alcançados e tendo como ponto culminante da meditação a autorealização.  Isso ocorre quando se transcende a mente.”  (Swami Satyananda Saraswati)

Basicamente a meditação pode ser descrita como qualquer disciplina voltada para a  intensificação  da  consciência  mediante  o direcionamento  consciente  da  atenção.   Em  última  análise,  a meditação é um processo indefinível, até misterioso.  Há  um  outro  modo,  muito  mais  rápido  e  que  pode  até  trazer resultados  imediatos,  se  feito  corretamente.   Podemos  aprender  a penetrar  diretamente  nos  pensamentos  e  parti-los,  para  que  se abram,  até  que  o  próprio  pensamento  se  converta  em  meditação. (Thartang  Tulku)

Em vez de resistir  a  um  pensamento  que  se  manifesta,  recue  um pouco  e  relaxe,  permitindo  ao  pensamento  que  seja  o  que  quiser.  Observando muito cuidadosamente, procure  pelos sentimentos sutis que começam  a emergir,  à medida  que o  pensamento  provoca  uma resposta,  um  julgamento  ou  uma  avaliação.  Tente  apanhar  a tendência da mente a elaborar tais sentimentos em novos conceitos, os quais cristalizam ainda mais a experiência (Thartang  Tulku).

O  conceito  de  “meditação”  se  refere  a  um  conjunto  de  técnicas produzidas  por  um  outro  tipo  de  psicologia,  que  não  visa  ao conhecimento  intelectual,  mas  ao  conhecimento  pessoal.   Assim  os exercícios  são  feitos  para  produzir  uma  alteração  na  consciência  – que sai do seu modo ativo, voltado para o exterior e linear, e entra no modo receptivo e tranquilo;  e geralmente a atenção se volta de fora para dentro. A meditação é um procedimento que permite à pessoa investigar o processo  da  sua  própria  consciência  e  das  suas  experiências, descobrindo assim as qualidades mais básicas e fundamentais da sua existência como uma realidade íntima.  A meditação é o ato deliberado de desligar esses estímulos externos que preparam o sistema nervoso para lutar ou fugir, e de atentar para os estímulos,  até  então  inconscientes,  que  estavam  reduzidos  a  um mínimo em virtude do processo da consciência individual seletiva.  Basicamente a meditação pode ser descrita como qualquer disciplina voltada para a intensificação  da  consciência  mediante  o direcionamento  consciente  da  atenção.   Em última  análise,  a meditação é um processo indefinível, até misterioso. (Georg  Feuerstein )

Segundo Osho, meditação é, pouco a pouco, ficar sem pensamentos, sem  cair  no  sono  –  continuar  alerta –  e,  mesmo  assim,  sem pensamentos.   Depois que os  pensamentos  desaparecem,  tudo  fica cristalino:  o fato de que o pensador é só um subproduto da sucessão de pensamentos.  Ele é um monte de pensamentos e nada mais.  Ele não tem uma existência separada.

A  todo  momento,  não  importa  o  que  esteja  fazendo,  faça  isso  com todo  o  seu  ser.   Coisas  simples:  ao  tomar  banho,  tome  banho  com todo o seu ser.  Esqueça o mundo inteiro!  Ao se sentar, sente-se; ao caminhar, caminhe.  Acima de tudo, não fique oscilando. Sente-se sob o chuveiro e deixe toda a existência se derramar sobre você.  Funda- se com essas lindas gotas de água caindo em você.  Coisas pequenas: limpando a  casa,  cozinhando,  lavando  roupas  ou  saindo  para  uma caminhada matinal, faça isso com todo o seu ser.  Então não haverá necessidade de meditação (Osho).

Para Osho, a  meditação  não  passa  de  uma  maneira  de  aprender  como fazer uma coisa com todo o seu ser. O  corpo  é  nossa  concha  externa  e  a  mente  é  a  nossa  concha  interna. E nós estamos além  dos  dois.  Enfatiza também que essa compreensão  é  o  início  da  vida  de verdade, e ainda sugere: “Comece  testemunhando, caminhe  pela  rua  e  torne-se  uma testemunha.  Observe o seu corpo caminhando;  você a partir do seu âmago testemunhando e observando.  De repente você terá uma sensação de liberdade”. (Osho).

De repente você verá que seu corpo está caminhando, mas você não.  E está mais  profundo,  está  simplesmente  observando.  A primeira meditação é separar você do corpo.  E, pouco a pouco, à medida  que  a  sua  observação  for  ficando  mais  acurada,  comece  a observar os seus pensamentos que passam continuamente pela sua mente.  Mas primeiro  observe o corpo.   Como ele é grosseiro,  você pode  observá-lo  com  mais  facilidade  e  não  precisará  de  muita consciência.  Depois que você entrar na sintonia, comece a observar a mente. (Osho).

A meditação é o ato deliberado de desligar esses estímulos externos que preparam o sistema nervoso para lutar ou fugir, e de atentar para os  estímulos  até  então  inconscientes  que  estavam  reduzidos  a  um mínimo em virtude do processo da consciência individual seletiva. (Osho)

Como disse o filósofo e sábio Paul Brunton: “A  meditação  deve  ser  acompanhada  de  um  exame  de  consciência diligente  e  sincero.   Todos  os  pensamentos  e  sentimentos  que  se interpõem entre o indivíduo e sua Meta Suprema têm de ser superados. Para  isso,  a  pessoa  tem  de  observar  atentamente  a  si  mesma  e purificar-se.  Tem de se resguardar contra  as  falsificações,  as justificações  e  os  enganos  praticados  inconscientemente  pelo  ego quando  o  exercício  da  auto-análise  se  torna  desconfortável, humilhante ou doloroso.  Tampouco deve a pessoa se lançar no poço sem fundo da autocomiseração.”

O refúgio mais seguro no mundo é a liberdade de nosso ser.  Quando entramos  em  contato  com  o  ser  natural,  vivemos  livres  de resistências,  sensíveis  a  todos  os  aspectos  da  experiência. Participamos  plenamente  da  vida,  compreendendo  e  realizando  a nossa oportunidade única como seres humanos.

Quanto  mais  participamos  do  ser  natural,  menos  precisamos  de técnicas especiais e menos nos preocupamos em encontrar respostas para nossas perguntas.  Quanto mais amplo se torna o nosso conceito de  mente,  maior  é  o  número  de  experiências  que  podemos  aceitar sem  fazer  julgamentos.  

Essa  aceitação  torna-se,  ela  própria, meditação e compreendemos  que  a meditação  constitui  uma parte integrante de nossa experiência.  Tudo que é precioso, verdadeiro e belo está dentro do ser natural; portanto não  há  necessidade  de “procurar experiências especiais ou clarões de compreensão”, nem de relatar à mente o que aconteceu.  Quando estamos em contato com nossa  natureza  interior,  a  distinção  entre  estados  de  meditação e não-meditação se dissolve. (Thartang  Tulku)

Segundo Thartang Tulku, a  realidade  abrange  tudo: “ a  natureza  absoluta  é  uma.   Embora possamos nos sentir separados da realidade original – quer a chamemos  “Deus”,  “experiência  suprema”  ou  “mente  iluminada”  – por  meio  da  atenção  plena  podemos  entrar  em  contato  com  esta parte essencial de nós mesmos.” De acordo com o autor, a atenção plena forma o terreno, a base pura de nossa experiência; ela  sustenta  todos  os  aspectos  de  nosso  mundo  com  perfeita equanimidade.  Sua luz pode iluminar nossa experiência e trazer-nos compreensão plena. (Thartang Tulku).

Durante suas palestras no Rio de Janeiro, em janeiro de 1984, Swami Dayananda  dedicou  uma  atenção  especial  à  meditação.   Segundo ele, meditação é  somente  você  ser  a  pessoa  que  você  é.   Você  é dotado  de  um  corpo,  de  sentidos  e  de  uma  mente,  que  tem memórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de todos eles. Você  é  uma  pessoa.   Uma  pessoa  se  torna  uma  personalidade  por causa  dos  medos,  ansiedades  e  muitos  outros  problemas.   Raivas, invejas,  inseguranças,  tudo  isso  faz  de  uma  pessoa personalidade.   Tudo  isto  é criado  por  você  mesmo.   Na meditação você  reduz  as  situações  a  simples  fatos.   Quando  você  aceita  as situações, elas se tornam simples fatos para você.  Quando rejeita as situações,  você  se  torna  uma  personalidade.   O  fato  é  que  você  é uma pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objeto de seus sentidos, está o mundo.  Quando você apenas vê fatos, você é uma pessoa que não exige nem necessita alguma coisa.

Osho destaca um ponto importante sobre o que se sente ao meditar: “A meditação, ao contrário do que afirma um preconceito muito disseminado no Ocidente, não deve ser obrigatoriamente bela e agradável.  Quem segue por esse caminho e faz uma única meditação essencialmente  pode  contar  com  duas coisas: ou se funde com o centro e com isso se torna iluminado, ou fica  sabendo  o  que  impede  a  sua  iluminação,  o  que  o  separa  da unidade.  Na prática, com mais frequência, acontece a última coisa, e isso, de acordo com a natureza, tem até mesmo muito que ver com o próprio lado de sombra da pessoa.” .Osho também chama de meditação “estar desocupado ou ser capaz de não se ocupar”. 

“Uma mente desocupada que goza do momento de desocupação é uma mente meditativa.   Uma vez que você tenha desfrutado  destes momentos,  você  verá  que,  na  verdade,  os problemas são criados por você porque você não é capaz de desfrutar de momentos de desocupação e assim os problemas preenchem esse vazio.  Você já observou isso?  Sempre que você não está tendo nada a fazer, se torna muito difícil ser, simplesmente ser”. (Osho)

Osho também complementa que, no momento em que você for plenamente consciente, você não estará nem no jogo da mente, nem no jogo do corpo.  “Tantra quer dizer consciência plena de percepção.  Você é o que quer ser.  Não existe meta.  E nós não estamos indo a lugar algum.   Nós estamos aqui simplesmente celebrando.”  

A existência não é uma jornada, ela é uma celebração, como um prazer, como uma alegria!   Não a transforme em um sofrimento, não a transforme em um dever, um trabalho.   Deixe-a ser uma brincadeira.   É apenas uma questão de grau de consciência.  A sua prisão consiste em camadas da sua inconsciência; comece a tornar-se consciente e não existirá nenhuma outra prisão (Osho).

E ainda, no contexto da atenção básica do Ministério da Saúde, a meditação é definida da seguinte forma:

“Prática mental individual milenar, descrita por diferentes culturas tradicionais, que consiste em treinar a focalização da atenção de modo não analítico ou discriminativo, a diminuição do pensamento repetitivo e a reorientação cognitiva, promovendo alterações favoráveis no humor e melhora no desempenho cognitivo, além de proporcionar maior integração entre mente, corpo e mundo exterior. A meditação amplia a capacidade de observação, atenção, concentração e a regulação do corpo-mente-emoções; desenvolve habilidades para lidar com os pensamentos e observar os conteúdos que emergem à consciência; facilita o processo de autoconhecimento, autocuidado e autotransformação; e aprimora as inter-relações – pessoal, social, ambiental – incorporando a promoção da saúde à sua eficiência.”

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